SOB CUSTÓDIA - Um Incentivo muito Maior ao Esporte. Porque não?

19/03/2013 09:40

 

 

Seria muito mais fácil falar sobre incentivo ao esporte em qualquer outro país do mundo que não o nosso. As amarras federais, a lentidão de nossos políticos e a preguiça de nossos mandatários, porém, faz com que falar sobre aplicar dinheiro para desenvolver a prática esportiva se torne um grande tabu.

Primeiramente não devemos confundir incentivo ao esporte com construir estádios e sediar Copa do Mundo, ou reformar uma cidade inteira para abrigar as Olimpíadas. Incentivar a prática esportiva vai além de gastar milhões e atrair os olhos do Planeta para nosso território em um prazo de um ou dois meses.

Incentivar os esportes significa dar maiores chances aos jovens de não se envolverem com as drogas e com o crime. Significa criar ligas fortes em diversos esportes, que possam ser acessíveis a toda a população. Significa transformar cada escola em um clube esportivo com comissão técnica e aparato para cada esporte.

Sim, o cenário proposto parece muito com aquele que todos veem nos filmes americanos. Por que não criar ligas municipais, regionais, estaduais e nacionais de esportes para alunos primários, colegiais ou universitários? Por que não transformar tais campeonatos em grandes eventos, disputados em locais dignos que podem abrigar um número grande de torcedores? Por que não transmitir o evento pela televisão, ao invés deste monte de porcaria que estamos acostumados a assistir?

Os programas humorísticos de sábado à noite não podem ser melhores que a NBB. A novelinha feijão com arroz que é sempre a mesma coisa, não pode atrair a atenção das pessoas como a Liga Futsal ou a Superliga de Vôlei. Eis então, aqui, outro problema: Você já viu um esporte que não seja o futebol passando na televisão em um horário digno? Quantos jogos do Falcão passaram na TV sem ele estar com a camisa amarela da seleção? Só eu acho que é um absurdo fazer os melhores e as melhores jogadoras de vôlei do Mundo jogarem em um domingo de manhã, só pra caber na grade de programas de uma emissora?

Se tratamos assim o esporte profissional, imaginem como tratamos nosso desporto de base. O desrespeito ao espetáculo é muito grande. Entender de finanças não é muito meu forte, mas o dinheiro investido na construção de um estádio em Manaus para receber no máximo seis grandes jogos ao ano, certamente seria suficiente para manter equipes dos mais diversos esportes das escolas públicas de todo o Amazonas por muito tempo. Sobraria até um trocado para bancar as viagens que fossem necessárias, a estrutura do campeonato, premiação, organização... Fora o incentivo que poderia ser investido por patrocinadores, o que potencializaria a força das competições e tornaria o espetáculo maior e mais importante.

Antes que perguntem, não sou contra a Copa do Mundo, nem as Olimpíadas. Mas é fato que se não houver um projeto de continuidade por trás destes eventos, o esporte brasileiro conhecerá seu apogeu econômico e de organização durante no máximo dois meses e depois voltará à mediocridade de sempre. É muito legal que doze cidades sediem a Copa do Mundo, mas seria muito mais barato e funcional se houvessem apenas oito sedes. Entre o lúdico e o funcional, eu fico com o segundo. Manaus, Cuiabá e Brasília são absolutamente desnecessárias como sedes. A arena de Natal também parece não fazer sentido. Excluindo estas quatro cidades, alguns bilhões de reais valiosos seriam poupados.

Miremos o exemplo dos Estados Unidos. Adoramos criticar o país, dizer que é um lixo, que odiamos cada cidadão americano, que temos raiva do imperialismo norte-americano, mas deixemos de lado agora nossas mágoas por não sermos desenvolvidos e sigamos o exemplo deles. A MJB (baseball), a NFL (futebol americano) e a NBA (basquete) movimentam milhões de torcedores todas as temporadas. Estes torcedores movimentam milhões de dólares, atraem prestígio para os patrocinadores e fazem com que as ligas sejam transmitidas em centenas de canais de televisão, inclusive os nossos. Os atletas que estão na liga profissional, um dia jogaram nas ligas colegiais ou universitárias. Grande parte dos atletas, para serem selecionados para os times, necessitam antes terem terminado a faculdade. Tem jogador de futebol americano que pesa 130 kg e é advogado.

O trabalho de incentivo ao esporte não é algo que começa lá no topo, mas sim na base, nas raízes. Organizar hoje o nosso esporte de base significa colher frutos de qualidade amanhã no desporto de elite. Não devemos dizer hoje que vamos construir uma parede, mas podemos dizer que a cada dia colocaremos um tijolo e então, no futuro a parede será formada. Mas o primeiro tijolo tem que ser colocado imediatamente e os outros, em sequência. Não temos tempo a perder.

Imaginem quantas crianças não poderiam ter sido salvas do crime. Imaginem quantos talentos nosso Brasil perdeu. Imaginem a capacidade que temos de promover espetáculos esportivos dignos de admiração mundial. Para isso, precisamos de boa vontade dos políticos, de apoio dos patrocinadores e da visibilidade proporcionada pela televisão. Precisamos de pulsos firmes para impulsionar o nosso esporte. Hoje no mundo não existe meio mais apaixonante de se desenvolver uma economia e fazer girar a roda monetária como por meio dos eventos esportivos.

O Brasil tem outros assuntos para se preocupar? Sim, mas um número maior de jovens atletas significará um número menor de indulgentes e criminosos. Quanto mais pessoas praticando esportes, melhor será a saúde desta população. Quanto mais atletas profissionais, menos desempregados existirão. Na equação onde o esporte cresce, a segurança, a saúde e a renda da população também melhoram. Três coelhos com uma profissionalizada só.

Impossível? Utopia? Não é. Se gastaremos bilhões para chamarmos a atenção do mundo por sessenta dias, podemos muito bem aplicar outros bilhões para melhorar a estrutura de nossa sociedade por meio do esporte. É só querer.

É só fazer.