SOB CUSTÓDIA - Um Crime de Classe

21/08/2013 00:29

 

O novo Maracanã está lindo, vocês viram? Apesar do estádio atual não contar com nenhuma das características do original, ele ainda está muito bonito. Não levando em conta os crimes contra o tombamento histórico, a nova “Arena” é  fabulosa.

Quanto ao Estádio Nacional de Brasília, impecável. Esquecendo os rios de dinheiro público que patrocinaram a obra, é  claro. Uma Arena moderníssima, confortável, item exclusivo de um país que sediará o maior evento organizado pela FIFA.

O estádio de Pernambuco, o novo Mineirão, a futura Arena Corinthians, o Beira-Rio, a Arena do Grêmio, a Arena da Baixada, Manaus e Cuiabá. Estádios lindos, confortáveis, magnânimos, que fazem frente a qualquer Arena de qualquer esporte de qualquer país em qualquer mundo. Mais alguma coisa em comum? Infelizmente, sim.

O Esporte mais popular do Brasil corre um risco extremamente real de se tornar um privilégio. As arenas novas deverão acrescer a qualidade do jogo dentro de campo, a receita de televisão dos clubes, a capacidade de brigar cada vez mais pela hegemonia na América que ama o futebol. Porém, estas mesmas arenas cometerão o crime mais grave da história recente brasileira: Elas tendem a elitizar o futebol nacional.

Sim. A paixão do trabalhador, que sofre 16 horas por dia em um trabalho insalubre, para ganhar muito pouco, será exclusiva dos grandes magnatas. Aqueles, que trabalham poucas horas ao dia, explorando o cidadão comum.

Ao assistir um jogo do campeonato brasileiro, jogado em uma das modernas instalações, repare que o povo foi atirado para trás dos gols e ainda está pagando um preço muito alto para assistir jogos ruins. A parte mais nobre, lateral, geralmente está  vazia. Por quê?

Porque os lugares centrais são destinados à  elite. Os ingressos são vendidos pelos consórcios responsáveis por preços fora da realidade brasileira. O resultado é que o torcedor rico, mais conhecido como torcedor de time que está ganhando, vai ao jogo que quer, esvazia o estádio nas partidas normais e retira do povo a possibilidade de fazer um grande espetáculo.

Poucos veículos de comunicação falam sobre o assunto. A elitização dá uma falsa impressão de que os estádios estarão mais seguros. Errado. O povo pobre não é sinônimo de povo bandido.

Em minha opinião, criminosos são os que desejam um estádio cheio de privilegiados. O futebol é popular. Sem o povo, não é nada. Com ele, é grandioso.